
Exames também já detectaram, em alguns pacientes, alterações no fígado — que tem entre
suas funções eliminar toxinas do corpo, regular o açúcar no sangue e ajudar na digestão de
gorduras.
Entretanto, diferente de outros órgãos, tais alterações não necessariamente significam o
adoecimento do órgão.
;As enzimas hepáticas (substâncias produzidas pelo órgão) estão elevadas em cerca de 15 a
60% dos casos de COVID-19, o que sugere acometimento do fígado. Porém, estas alterações
das enzimas em geral não provocam sintomas", explica o hepatologista Edmundo Lopes,
médico do Hospital das Clínicas e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
;Apesar destes distintos mecanismos de agressão ao fígado durante a Covid-19, ele não é
comumente nem intensamente comprometido, como ocorre com outros órgãos, como os
pulmões, o coração e os rins, diz. As explicações para esta ;menor; agressão ao fígado ainda
não estão bem elucidadas.
Os distintos mecanismos de agressão mencionados por Lopes passam, mais uma vez, pelos
efeitos da inflamatória sistêmica no corpo e também, no caso desse órgão responsável por
lidar com substâncias potencialmente tóxicas, por eventuais danos provocados pelos
medicamentos usados contra a Covid-19.
A ação direta do vírus sobre o órgão também é uma possibilidade, até porque as células
hepáticas chamadas de colangiócitos têm receptores ECA-2. Entretanto, segundo o professor
da UFPE, essa via direta "nunca foi muito bem demonstrada" na ciência.
;As evidências sugerem que o processo inflamatório (tempestade de citocinas) parece ter um
papel relevante na agressão ao fígado, já que os pacientes mais graves e que apresentam maiores indícios de atividade inflamatória nos exames laboratoriais são os que apresentam
mais frequentemente e mais intensamente alterações das enzimas hepática, escreveu o
hepatologista por e-mail à BBC News Brasil.
(Fonte: G1)
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