
Manchas brancas ou avermelhadas pelo corpo, sensação de dormência e não sentir calor ou
frio são sintomas de uma doença que tem cura, mas ainda é estigmatizada e negligenciada por
muitos brasileiros: a hanseníase.
No Brasil, foram 312 mil novos casos registrados nos últimos dez anos, o que coloca nosso país
na segunda posição no ranking mundial da doença, atrás da Índia. Aqui, a média é de 30 mil
novos casos por ano. O número vem se mantendo com uma discreta queda, mas ela ainda não
é considerada significativa para se dizer que a doença está em declínio, destacou o vice-
presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Heitor Gonçalves.
Sintomas
O presidente da SBD, diz que, mesmo áreas sem manchas, em que a pessoa se queime e não
perceba, ou que se machuque e não sinta dor, indicam falta de sensibilidade no local. Isso é
provocado por lesões nos nervos causadas pela hanseníase. “Esses casos de mancha,
dormência ou insensibilidade são suspeitos e necessitam formalmente de uma assistência para
diagnóstico médico clínico”, observou.
O período de incubação da hanseníase, desde o momento em que a pessoa entra em contato
com a micróbio até a doença aparecer, vai de dois até dez anos pois a bactéria responsável
pelos sintomas se multiplica muito lentamente. Por isso, a doença atinge muitas crianças e
jovens. “Quanto mais jovem a pessoa, mais anos ela vai viver e mais chances tem de adoecer”,
afirma Gonçalves.
Do total dos 312 mil registros feitos de 2010 até 2019, 30% foram diagnosticados com algum
grau de incapacidade física, ou seja, apresentavam perda de força ou da sensibilidade ou ainda
deformidades visíveis nas mãos, pés ou olhos, o que compromete o trabalho ou a realização de
atividades do dia a dia, alertou o especialista.
Incidência e transmissão
O maior fator de risco para a hanseníase são condições socioeconômicas de aglomerações. Um
exemplo são as deficiências de habitação que fazem com que mais pessoas morem juntas e
acabem transmitindo a doença por meio da tosse. A aglomeração no transporte é outro fator.
Contribuem ainda o baixo nível educacional e a dificuldade de acesso a sistemas de saúde. Eles
dificultam diagnóstico precoce e facilitam a transmissão.
Tratamento
O tratamento para a hanseníase é gratuito no país e oferecido pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Os pacientes podem se tratar em casa, com supervisão periódica nas unidades básicas
de saúde. Apesar de ser uma doença infecciosa que pode levar a incapacidades físicas, seu
tratamento precoce promove a cura. A prevenção consiste no diagnóstico e tratamento
precoces, porque isso ajuda a evitar a transmissão e o surgimento de novos casos.
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