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Remédios para COVID-19: aprovados e em estudo

Até ao momento existe apenas um remédio aprovado para o tratamento da COVID-19 no Brasil, o Remdesivir. Este medicamento está indicado apenas para alguns pacientes internados e deverá ajudar a eliminar o coronavírus do corpo, acelerando a cura da infecção. No entanto, existem outros medicamentos, como os analgésicos e os antipiréticos, que também estão aprovados para aliviar os sintomas da COVID-19 e que são liberados para todos os casos.

 

De acordo com as orientações das autoridades de saúde, os casos mais leves de COVID-19, com sintomas semelhantes aos da gripe comum, podem ser tratados em casa com repouso, hidratação e uso de remédios para febre e analgésicos. Já os casos mais graves, em que surgem sintomas mais intensos e complicações como pneumonia, precisam ser tratados em internamento no hospital, muitas vezes em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).

Além dos medicamentos, algumas vacinas contra a COVID-19 também estão sendo estudadas, produzidas e distribuídas. Estas vacinas prometem evitar a infecção por COVID-19, mas também parecem diminuir a intensidade dos sintomas, quando a infecção acontece.

Remédios aprovados para o coronavírus

Os remédios que se encontram aprovados para o tratamento do coronavírus, pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde do Brasil, são:

Remdesivir: é o primeiro antiviral aprovado contra o coronavírus e que é capaz de impedir a replicação do vírus. Este medicamento está aprovado apenas para ser usado em adultos internados com pneumonia no hospital, que não estejam precisando de ventilador.

Antipiréticos: para diminuir a temperatura e combater a febre;

Analgésicos: para aliviar as dores musculares por todo o corpo;

Antibióticos: para tratar possíveis infecções bacterianas que possam surgir junto com a COVID-19.

Embora estejam aprovados, estes remédios só devem ser utilizados sob orientação de um médico.

É seguro usar o “Kit COVID”?

O “kit COVID” consiste de um conjunto de remédios que está sendo indicado por vários profissionais de saúde para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Esse kit inclui medicamentos como cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e, até, algumas vitaminas e minerais, como vitamina D, vitamina C e zinco, por exemplo.

Em boletim oficial, a Associação Médica Brasileira [43], recomenda que o uso deste tipo de kit’s seja interrompido e que os profissionais não recomendem seu uso, pois não existem ainda resultados que comprovem a eficácia e segurança desses medicamentos. Além disso, a existência de um “kit COVID” pode também estimular a auto-medicação, o que caba trazendo graves problemas de saúde.

Até ao momento, existe apenas um remédio específico que pode ser usado contra a COVID-19, o remdesivir, que está aprovado pela ANVISA para o tratamento de algumas pessoas internadas com infecção positiva do novo coronavírus.

Remédios que estão sendo estudados

Além dos remédios que ajudam a aliviar os sintomas, vários países estão desenvolvendo estudos em animais de laboratório e pacientes infectados, para tentar identificar um medicamento capaz de eliminar o vírus do organismo.

Os remédios que estão sendo estudados não devem ser usados sem orientação de um médico, nem como forma de prevenção da infecção, já que podem causar vários efeitos colaterais e colocar a vida em risco.

A seguir apresentamos uma lista dos principais medicamentos sendo estudados para o novo coronavírus:

Remdesivir

Este é um remédio antiviral de amplo espetro que foi desenvolvido para o tratamento da epidemia do vírus Ebola, mas que não apresentou resultados tão positivos quanto outras substâncias. No entanto, devido à sua ampla ação contra vírus, está sendo estudado para entender se pode apresentar melhores resultados na eliminação do novo coronavírus.

Os primeiros estudos feitos em laboratório com este remédio, tanto nos Estados Unidos [1] [2], como na China [3], mostraram efeitos promissores, uma vez que a substância foi capaz de impedir a replicação e multiplicação do novo coronavírus, assim como de outros vírus da família coronavírus.

No entanto, antes de poder ser aconselhado como forma de tratamento, este medicamento precisa passar por vários estudos com humanos, para se entender qual a sua verdadeira eficácia e segurança. Dessa forma, existem, neste momento, cerca de 6 estudos que estão sendo feitos com um número elevado de pacientes infectados por COVID-19, tanto nos Estados Unidos, como na Europa e no Japão, mas os resultados só deverão ser liberados em Abril, não existindo, para já, comprovação de que o Remdesivir possa, de fato, ser utilizado de forma segura para eliminar o novo coronavírus em humanos.

Ivermectina

A ivermectina é um vermífugo indicado para o tratamento da infestação por parasitas, que provocam problemas como oncocercose, elefantíase, pediculose (piolhos), ascaridíase (lombrigas), escabiose ou estrongiloidíase intestinal e que, recentemente mostrou resultados muito positivos na eliminação do novo coronavírus, in vitro.

Um estudo realizado na Austrália, testou a ivermectina no laboratório, em culturas de células in vitro, tendo-se verificado que esta substância foi capaz de eliminar o vírus SARS-CoV-2 em 48 horas [7]. Porém, são necessários ensaios clínicos em humanos, para verificar a sua eficácia in vivo, assim como a dose terapêutica e segurança do medicamento, o que se prevê que aconteça num período entre 6 a 9 meses.

 

Além disso, um outro estudo indicou que o uso de ivermectina por pacientes diagnosticados com COVID-19 representou diminuição do risco de complicações e progressão da doença, indicando que a ivermectina poderia melhorar o prognóstico da doença [33]. Ao mesmo tempo, um estudo realizado em Bangladesh indicou que o uso de ivermectina (12 mg) por 5 dias foi eficaz e seguro no tratamento da COVID-19 [34].

Em novembro de 2020 [35] foi divulgada em uma revista científica a hipótese de pesquisadores indianos de que a ivermectina seria capaz de interferir no transporte do vírus par ao núcleo das células, impedindo o desenvolvimento da infecção, no entanto esse efeito só seria possível com altas doses de ivermectina, o que poderia ser tóxico para o organismo humano.

Um outro estudo divulgado em dezembro de 2020 [36] também demonstrou que o uso de nanopartículas contendo ivermectina poderia diminuir a expressão dos receptores ACE2 das células, diminuindo a probabilidade do vírus se ligar a esses receptores e causar infecção. No entanto, esse estudo foi realizado apenas in vitro, não sendo possível afirmar que o resultado seria o mesmo in vivo. Além disso, como se trata de uma nova forma terapêutica são necessários estudos de toxicidade.

Em março de 2021 foi divulgado um estudo realizado na Colômbia [37] em que 200 pessoas positivas para COVID-19 usaram 300 μg/kg de Ivermectina e 200 pessoas, também positivas para a doença, fizeram uso de placebo por 5 dias. Após o período, ao comparar a evolução da doença nos dois grupos, foi verificado que o uso de Ivermectina não interferiu na melhora dos sintomas e nem no desenvolvimento da doença.

Apesar desses resultados, ainda são necessários mais estudos que demonstrem a atuação da ivermectina no tratamento da COVID-19, assim como o seu efeito na prevenção da infecção.

Hidroxicloroquina e cloroquina

A hidroxicloroquina, assim como a cloroquina, são duas substâncias que são utilizadas no tratamento de pacientes com malária, lúpus e alguns outros problemas de saúde específicos, mas que ainda não são considerados seguros em todos os casos de COVID-19.

Estudo realizados na França [4] e na China [5], mostraram efeitos promissores da cloroquina e hidroxicloroquina na redução da carga viral e na diminuição do transporte do vírus para o interior das células, reduzindo a capacidade do vírus para se multiplicar, proporcionando, por isso, uma recuperação mais rápida. Porém, estes estudos foram realizados em amostras pequenas e nem todos os testes foram positivos.

Para já, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a cloroquina apenas pode ser utilizada em pessoas internadas no hospital, durante 5 dias, sob observação permanente, para avaliar o surgimento de possíveis efeitos colaterais graves, como problemas cardíacos ou alterações na visão.

Manuel ReisEnfermeiro

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