
Em abril de 2015, uma reunião no escritório que cuida da carreira de Mano Walter, que até
então cantava de forró-de-vaquejada, um estilo típico do interior do Nordeste, à la Mastruz
com Leite, decidiu mudar radicalmente a carreira dele. Seu empresário, o visionário Pedro
Mota, percebeu que havia uma carência no mercado do forró nacional, dominado por Wesley
Safadão. Pedro entendeu que havia, na época, uma séria turbulência no poderoso Aviões do
Forró e sobrava ainda um belo espaço para quem não canta apenas a safadeza de homem
brasileiro.
A primeira providência foi deixar a música de Mano Walter mais jovem e menos regional. O
morador de São Paulo tinha que se identificar com a letra, da mesma maneira que quem vive
em Recife. Em pouco tempo, o resultado começou a aparecer no Nordeste. Balada do
Vaqueiro e Playboy Fazendeiro estouraram localmente. Só que Mano queria, de fato, se
tornar nacional, mas, para isso, ainda faltava um grande hit e, acredite, mudar o visual, a
começar pela bota. O modelo que ele costumava usar, com estilo bem mais tradicional, foi
trocado por um mais moderno. O chapéu de vaqueiro era outra peça que precisava ser
mexida, mas como retirá-lo totalmente seria algo impossível, a opção foi fazer com que Mano
ficasse 80% do tempo sem ele.
Grande evolução. O chapéu, além de deixar o cantor mais velho, simboliza o homem do
campo, e Mano queria conquistar o país todo, não apenas o interior. No dia 30 de abril de
2017, foi lançado Não deixo não, uma bomba atômica no mercado de forró. Em 24 horas, a
música já superava um milhão de views. Pronto, era a certeza que Pedro precisava ter: Mano,
prepara que estourou, disse. Safadão, que parecia imbatível, foi superado por Mano e Não
deixo não; se tornou o clipe brasileiro mais visualizado na história do forró, com 370 milhões
de views. Enfim, o Brasil sabia quem é Mano Walter.
Comentários